Nós, que acompanhamos, na entidade, processos administrativos e sindicâncias, de maior ou menor gravidade, envolvendo colegas, percebemos que, de muitos modos, uma supervisão exemplar e atenciosa poderia evitá-los. Ocorre que o grande número de afazeres afeto aos diretores, numa escola cada vez mais difícil de administrar, os induz naturalmente à desatenção para questões aparentemente secundárias, mas de suma importância em ocasiões de crise interna no estabelecimento. Fácil é constatar a complexidade de nosso trabalho diante do crescente número de alunos, apresentando problemas vinculados a comportamentos negativos, próprios de egressos de uma sociedade em crise de valores, desaguando nas salas de aula; à legislação permissiva manietando ações corretivas por parte dos dirigentes - excesso de faltas por parte dos docentes, descumprimento de programas e planejamentos, distorções do trabalho pedagógico em sala de aula, intolerância nas relações professor- aluno, fazendo com que tenhamos de resolvê-los, às vezes, por meio de punições a preservar o "princípio de autoridade" que se nos exige, etc...; a carência de funcionários, gerando problemas que vão da limpeza do prédio a atendimentos ao alunado; repetitivas exigências burocráticas, mas imprescindíveis aos "papirófagos" órgãos centrais, solicitando várias vezes os mesmos dados no decorrer do ano: as constantes retiradas do Diretor de Escola para reuniões, nem sempre necessárias.
Tudo isso, leva-nos a esquecer que existe uma rotina a ser observada, fundamental para a manutenção de uma escola razoavelmente organizada.
Sob este aspecto, avulta a participação do Supervisor de Ensino e sua presença sistemática nas escolas, auxiliando a direção num permanente diálogo franco e democrático com vista a conduzi-la para um trabalho transparente e isento de falhas. Assim, a supervisão poderá, através da constante verificação, auxiliar a direção, ação essa à qual não nos devemos opor, em nome da pseudo interferência em nossa escola, sob pena de estarmos, deliberadamente, impedindo a solução de problemas que, em última análise, poderão em algum momento trazer-nos sérios prejuízos. Aliás, os poucos supervisores que agem "policialescamente", normalmente são incompetentes e acabam por "meter os pés pelas mãos", até pelo desconhecimento da legislação que deveria mover-lhes a ação.
Dessa forma, o supervisor cumpridor de suas obrigações deverá, em suas visitas à escola:
1- manter-se atento sobre o andamento das APMs, observando-lhes o funcionamento, as reuniões estatutárias, seus balancetes (não do ponto de vista estritamente contábil, pois não têm, necessariamente, conhecimentos técnicos sobre a matéria), mas da execução sistemática dessa obrigação que, no caso das APMs, não pode ser atribuída ao diretor por constituírem elas instituições jurídicas dirigidas por pessoas eleitas para tal, sendo o diretor apenas o "Presidente de Honra". Nesse caso, a direção seria o elo de ligação entre a supervisão e a APM, posto que nenhum de nós costuma deixar de acompanhar os feitos das associações de pais e mestres. Quantas sindicâncias e quantos processos administrativos já não ocorreram pela falta de acompanhamento às APMs? Ora, a sistemática observação do andamento delas evitaria, com certeza, quaisquer irregularidades, uma vez que todos saberiam que alguém de fora mostra-se interessado no bom funcionamento, que, afinal, é obrigação das DEs e dos Supervisores, de acordo com o Estatuto Padrão que as regula;
2- observar com atenção o funcionamento da Secretaria nos aspectos escriturais relativos à movimentação de alunos, prontuários de alunos e professores, preenchimento correto de documentos, vida funcional dos docentes que não podem ter seus benefícios postergados, visto perceberem salários de fome. Sobre esse aspecto, parece inexistir a ação supervisora pois, quantas vezes, são as nossas escolas a ter de colocar em ordem a vida funcional de recém- egressos em razão de a de origem nada ter feito nesse sentido;
3- preocupar-se com o constante acompanhamento do Livro Ponto e do Diário de Classe dos professores. Quanto ao primeiro, para que não se deixe de verificá-los, apondo-se ao final do mês a assinatura a cada página, o que nos enseja a oportunidade de observar a assiduidade de servidores e docentes. Em relação ao diário dos professores, lembrando-lhes da importância do correto preenchimento deles, uma vez que não atendido o preceito poderão advir, em determinados momentos, sérias dificuldades, quando precisarmos retificar ou ratificar decisões do Conselho de Classe. Nesse aspecto, cabe à Supervisão lembrar a escola de que não deverá sonegar quaisquer informações à comunidade quanto à legislação que lhe afeta.
4- participar das reuniões pedagógicas e das HTPCs, trazendo sua contribuição e subsídios e, fundamentalmente, acompanhar, ao lado da coordenação e da direção, o aproveitamento escolar, responsabilizando-se também pelo produto final. Assim agindo, a supervisão reforçará a ação dos diretores pela demonstração de que existe interesse na integração escola- órgãos superiores, no que tange à burocracia rotineira, mas, fundamentalmente, no aspecto pedagógico, razão precípua da existência das DEs e Supervisores. Acreditamos ser essa participação importante, até mesmo para o aprimoramento da qualidade de ensino, contando a escola com mais um profissional que pela sua formação e atribuições deve estar equipado de saberes passíveis de se integrarem às diretrizes e planejamentos de uma escola que se quer de boa qualidade. Esquecer que a ação supervisora deve ser prioritariamente pedagógica e, secundariamente, burocrática é o primeiro passo para manter as unidades no "status quo".
Aliás, quaisquer diretores interessados no crescimento de suas unidades são testemunhas do quanto uma supervisão atenciosa e preocupada com a eficiente organização escolar e o processo pedagógico contribui para o bom andamento do trabalho escolar.
Fonte: UDEMO - Sindicato de Especialistas de Educação
do Magistério Oficial do Estado de São Paulo